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22 agosto, 2011

O Duende Verde e a Fada Primavera

O Duende Verde e a Fada Primavera
        
Numa terra distante, vivia um pequeno duende, rodeado de muitos amigos, que tal como ele eram duendes Verdes. Chamavam-se assim porque além das suas roupas ostentarem essa cor, estas adoráveis e pequenas criaturas, dedicavam-se a cuidar da Natureza.
Logo ao nascer do Sol, todos os duendes Verdes tinham a missão de acordar as árvores, os arbustos e até as flores. Eram também eles que distribuíam as gotas de orvalho pelos campos. Quando os animais despertavam, eram os duendes que informavam as abelhas do lugar mais florido para recolherem o pólen. Também se dedicavam a indicar às formigas o melhor caminho para encontrarem comida. Nem as minhocas ficavam esquecidas porque havia sempre um duende pronto para as instruir sobre os sítios que mais precisavam da terra remexida. Havia assim uma harmonia completa e todos viviam muito felizes.
Certa madrugada, que parecia começar igual a tantas outras, o duende mais pequeno acordou, espreguiçou-se na cama e em seguida levantou-se e foi arranjar-se. Depois de tomar o pequeno-almoço pôs o chapéu na cabeça e saiu de casa. Como era hábito olhou para o céu que se despedia da Lua e já cumprimentava o Sol, quando entrou pelo seu nariz um cheiro estranho. O que era aquilo? Não era um aroma conhecido. Era um cheiro desagradável que fez o nariz do duende engelhar-se enquanto fazia uma careta. Mas de onde vinha? Talvez a irmã do Vento soubesse porque só ela andava a correr por ali.
- Brisa! Ó Brisa, que cheiro é este, minha amiga? – perguntou o duende curioso.
A Brisa que mostrava uma cara enjoada voltou-se para o pequeno duende e respondeu:
- Tenho pouca vontade de falar nisso.
Como o duende continuava a olhar para ela com um ar interessado, a Brisa decidiu contar-lhe o que sabia.
- Sabes, o meu irmão Vento anda muito preocupado. Pensa que nada pode evitar que uma desgraça aconteça.
- Desgraça!? – sobressaltou-se o duende.
- Sim. É uma verdadeira desgraça. Se subires a colina e olhares para o lado onde estão os castanheiros depressa verás o que está a acontecer.
O pequeno duende desatou a correr e chegou num instante ao cimo da colina. Foi então que viu uma enorme máquina de ferro a empurrar um monte de lixo. Havia ainda outra máquina muito grande que derrubava árvores para arranjar espaço para o lixo. O duende nem queria acreditar no que via. Foi então que se lembrou de ir avisar os outros.
Quando os duendes reuniam no grande salão subterrâneo, era sempre um acontecimento importante. Qualquer que fosse o problema costumava arranjar-se sempre uma solução após uma boa conversa entre todos. Daquela vez a situação era preocupante e por isso rapidamente todos começaram a apresentar ideias. Alguma coisa havia de se arranjar. Foi então que a porta do salão se abriu bruscamente e entrou o Vento com cara de aborrecido. Era muito raro o Vento entrar ali mas como a situação era grave ninguém estranhou.
- A Primavera não vem – disse o Vento a resmungar – e não estou nada admirado. Ela disse que para estes lados já não consegue voltar porque estão a desaparecer as árvores, as plantas e até os animais já começaram a fugir. A fada Primavera não pode ir onde só há lixo. E até eu já estou farto de aturar este cheiro horrível que se agarra a mim de cada vez que aqui passo.
Após ter dado esta notícia, o Vento, tal como tinha entrado voltou a sair intempestivamente. Instalou-se então o desânimo geral entre todos os duendes e levantou-se um burburinho de preocupação por todo o salão. Se a Natureza estava em perigo com uma lixeira a instalar-se na vizinhança, agora ainda ia ser pior. Todos os duendes Verdes sabiam que a Natureza precisa da visita da fada Primavera para se renovar. Quando acalmaram os ânimos foi retomado o diálogo, aguardando cada um a sua vez de falar. Ideias não faltaram. Houve quem se lembrasse de dizer para se construir um muro entre a lixeira e a floresta, mas depressa chegaram à conclusão que não era a fazer muros que se resolviam as coisas. Construir um muro seria ignorar a presença da lixeira e não uma solução para o problema e depois mais cedo ou mais tarde o muro acabaria por cair e ficava tudo na mesma. Além disso a fada Primavera nunca poderia visitar a floresta em tais condições. Foi então que alguém disse que num lugar distante dali tinha havido um problema parecido com o deles e tinham descoberto uma solução. Que solução? Isso é que ninguém sabia. Decidiram então que era preciso mandar um duende até àquele lugar distante para descobrir o que lá tinham feito e que tinha dado bom resultado. Segundo as regras dos duendes foi feito um sorteio para determinar qual seria o escolhido. Quando todos puderam abrir a mão esquerda, para ver como estava o berlinde mágico que pertencia a cada um, só brilhou o que estava na mão do pequeno duende. Não havia portanto dúvida nenhuma, seria ele o responsável por ir buscar a tão desejada solução para o problema que enfrentavam. A viagem seria longa e muito cansativa e por isso todos o ajudaram a preparar-se para aquele desafio. Os mais velhos deram-lhe bons conselhos sobre o melhor percurso a seguir e quais os cuidados que deveria ter. Os mais novos ajudaram-no a arrumar a mochila que iria levar com ele.
De manhã, muito cedo, já o pequeno duende Verde caminhava na direcção oposta à da lixeira. Seguiu todas as indicações que lhe tinham dado e assim quando o Sol indicava o meio-dia, o nosso amiguinho já estava à beira de um lago enorme, tão grande que não se via o lado de lá. Era preciso chamar o barqueiro para o poder atravessar em segurança. Olhou em todas as direcções mas não viu ninguém. Talvez o barqueiro tivesse ido levar alguém para o outro lado. Resolveu então sentar-se e esperar. Esperou durante tanto tempo que acabou por adormecer. Quando acordou, a tarde já se aproximava do fim e do barqueiro nem sinal. O duende começou então a pensar se o Vento poderia saber alguma coisa. Mas o Vento andava longe dali. Foi então que surgiu a Brisa.
- O que fazes aqui tão longe, pequeno duende Verde? – perguntou a Brisa admirada.
 - Estou à espera do barqueiro, mas ele ainda não apareceu. Sabes se ele ainda vem hoje para este lado?
- E porque queres atravessar o lago? Porque estás aqui sozinho? – retorquiu a Brisa curiosa. 
- Só fazes perguntas e eu preciso que me respondas – disse o duende um pouco contrariado.
- Ora, não sejas chato, só estou curiosa por te ver aqui. Se responderes às minhas perguntas também responderei às tuas.
- Está bem. Eu estou aqui porque tenho uma missão a cumprir. Foi a mim que escolheram para ir procurar a solução para o problema da floresta. Por isso preciso de atravessar o lago. Só dessa maneira posso continuar o meu caminho até ao lugar onde foi descoberta uma solução.
- O meu irmão Vento disse-me hoje de manhã que o barqueiro só regressa amanhã de manhã, porque hoje de tarde já não tem tempo para lhe encher as velas do barco.
- Bem, sendo assim, vou acampar aqui – disse o duende resignado.
- Atenção, pequeno duende, não montes a tenda num sítio que tenha sementes debaixo da terra, porque a fada Primavera tem andado perto deste lago e não me admira nada que passe por aqui em breve.
- A sério!? Se ela vier posso falar com ela e tentar convencê-la a ir até à minha floresta – disse o duende esperançado. 
- Podes tentar – respondeu-lhe a Brisa e nisto, tal como tinha chegado, logo desapareceu.
 O pequeno duende Verde tratou logo de tirar o seu berlinde mágico do bolso e começou a localizar as sementes debaixo do chão. Não queria que nenhuma ficasse debaixo da sua tenda e assim perdesse a oportunidade de germinar no caso da fada Primavera passar. Quando encontrou um sítio sem sementes montou a tenda e depois sentou-se para comer do que trazia na mochila. Quando anoiteceu dormiu sossegado. De manhã, ao acordar, olhou em redor e foi então que reparou que todas as sementinhas perto da sua tenda tinham germinado e estavam a brotar da terra ao mesmo tempo. Era a fada Primavera que estava ali perto. O duende levantou-se muito depressa, esfregou rapidamente os olhos e olhou em todas as direcções. Toda a Natureza estava em festa naquele lugar. Mas onde estava a fada Primavera?
- Fada Primavera! Fada Primavera! – chamou o duende Verde.
- Estou aqui.
- Onde?
- Mesmo atrás de ti – respondeu a fada enquanto dava uma gargalhada.
O pequeno duende deu um salto e voltou-se para olhar para ela.
- Porque me chamas? – perguntou a fada curiosa.
- Eu sou um daqueles duendes Verdes que cuidam da floresta lá longe.
- Qual floresta?
- É aquela que tem uma lixeira ao lado.
- Ah! Pois, já sei… - disse a fada baixando os olhos. 
- O Vento foi lá dizer que não vamos receber a tua visita enquanto lá estiver a lixeira a céu aberto – disse o duende entristecido.
- É verdade. Mesmo que eu quisesse não posso ir, não me é permitido. Se me aproximasse perdia a minha magia por completo.
- Nós queremos uma solução para o problema da lixeira. É por isso que eu estou aqui. Vou à terra onde encontraram a solução.
- Não é fácil obteres o que queres. Mas vejo que estás interessado. Já sabes o que fazer quando lá chegares?
- Vou ver o que lá fizeram e se for preciso pergunto sobre aquilo que não entender.
- Muito bem. Eu não posso ajudar-te porque não sei o que lá fizeram antes de eu poder lá voltar. Só sei que agora posso lá passar sem dificuldade. Mas… quando lá chegares não te esqueças que quem te pode ajudar mais depressa são os mais pequenos.
- Não me vou esquecer disso. Obrigado, fada Primavera.
- Boa sorte, pequeno duende Verde – disse a fada sorrindo enquanto se afastava dali.
Logo que a fada Primavera desapareceu o duende avistou o barco que se aproximava. Arrumou as suas coisas, pegou na mochila e dirigiu-se para o barco. Acertou o preço da viagem com o barqueiro e logo em seguida embarcou. Para surpresa do duende foi uma viagem relativamente rápida. Ele não estava nada à espera que aquele barco à vela o fizesse chegar tão depressa à outra margem. À chegada agradeceu ao barqueiro o bom serviço prestado e seguiu o seu caminho. Caminhou durante muito tempo. Finalmente, chegou a um lugar onde havia muitas casas. Todos os duendes sabem que as pessoas adultas não os podem ver, por isso não podia perguntar-lhes nenhuma informação. Pôs-se então a olhar com atenção para o que o rodeava, mas à primeira vista nada lhe despertou interesse. Continuou a caminhar até que reparou num edifício pintado de branco, com grandes janelas, rodeado por um muro só interrompido por um portão com grades. Lá dentro havia um grande espaço onde corriam e brincavam muitas crianças. Nisto começou a tocar uma campainha e todos começaram a entrar para dentro do edifício. O duende lembrou-se do que dissera a fada Primavera e por isso foi sentar-se junto ao muro a pensar no que poderia fazer. Passado algum tempo voltou a ouvir-se a campainha e todas as crianças voltaram a sair mas em vez de ficarem a brincar dirigiram-se para o portão e foram-se embora. Umas eram esperadas pelos pais e outras seguiam em fila atrás de uma senhora que usava uma bata colorida. Perante isto, o duende pensou que era melhor aproveitar para almoçar o que trazia na mochila. Ficou ali a comer sossegado. Depois do almoço o duende reparou que as crianças regressavam e decidiu entrar também pelo portão. Enquanto ele estava para ali a pensar numa maneira de ser visto, um rapazinho de olhos vivaços aproximou-se e perguntou-lhe:
- Queres jogar ao berlinde?
- Quero! – respondeu o duende.
- Quantos berlindes tens?
- Só tenho um – disse o duende verde, enquanto pensava que podia perder o berlinde mágico naquela brincadeira.
- Serve. Eu tenho um saco cheio deles. Ganho quase sempre. Qual é a tua turma?
- Não sei bem… - disse o duende sem saber o que devia responder.
- Deixa lá. Eu quando vim para esta escola também andava um bocadinho confuso mas agora já conheço isto tudo. Vamos começar a jogar?
- Sim, vamos.
Mal a brincadeira começou aproximaram-se vários garotos que quiseram assistir ao jogo.

(Professora: Maria do Rosário da Silva Baptista)


O que irá acontecer? Como será que o pequeno duende verde vai descobrir a solução para o problema da sua floresta? Quem o vai ajudar? Contem-nos o final da história!

1 comentário:

  1. Não conto o final da história .....mas um dia vens contá-la na minha escola. Sim?
    Parabéns!
    Beijinhosss

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